terça-feira, 2 de agosto de 2011

As Melhores Coisas Demandam Esforço



Em nosso mundo distorcido, as coisas mais importantes muitas vezes são as mais difíceis de aprender; e inversamente, as coisas que vêm fácil são na maioria das vezes de pouco valores reais no longo prazo.

Isso se vê claramente na vida cristã, onde muitas vezes acontece que aquilo que aprendemos a fazer sem dificuldade são as atividades mais superficiais e menos importantes, e os exercícios verdadeiramente vitais tendem a ser omitidos devido à dificuldade de pô-los em prática. Isto é mais facilmente visto em nossas variadas formas de trabalho cristão, particularmente no ministério. Ali as atividades mais difíceis são as que produzem maior fruto, e os serviços menos frutíferos se desempenham com menor esforço. Esta é uma armadilha em que o ministro sábio não cairá, ou, se ele perceber que está preso nela, importunará céu e terra em sua luta para dela escapar. Orar com sucesso é a primeira lição que o pregador tem de aprender, se quiser pregar frutiferamente; embora a oração seja a tarefa mais difícil para a qual ele é chamado. Como homem será a atividade que será tentado a menos pôr em prática do que qualquer outra. Ele tem de determinar o coração para conquistar pela oração, e isso significa que primeiro tem de conquistar sua própria carne, porque é a carne que sempre atrapalha a oração.

Quase tudo que diz respeito ao ministério pode ser aprendido com uma porção média de esforço inteligente. Não é difícil pregar, ou gerenciar atividades da igreja ou atender compromissos sociais; casamentos e funerais podem ser dirigidos sem problemas com um pouco de ajuda de um Manual do Ministro. Pode-se aprender a fazer sermões tão facilmente como fazer sapatos — introdução, conclusão e só. E assim é com todo o trabalho do ministério como se tem levado na igreja normal de hoje. Mas orar — isso é outro assunto. Aqui de nada serve a ajuda de um Manual do Ministro. Aqui o solitário homem de Deus tem de combater sozinho, às vezes com jejuns e lágrimas e fadigas indizíveis. Ali cada homem tem de ser original, porque a verdadeira oração não pode ser imitada nem pode ser aprendida de outrem. Cada um tem de orar
como se só ele pudesse orar, e sua aproximação tem de ser individual e independente; independente de todos, menos do Espírito Santo.

Thomas à Kempis diz que o homem de Deus deve sentir-se mais à vontade em seu quarto de oração do que diante do público. Não é exagero dizer que o pregador que gosta de estar diante do público dificilmente se encontra espiritualmente preparado para estar diante dele. É mais provável que a oração correta torne o homem hesitante em aparecer diante de uma audiência. O homem que realmente se sente à vontade na presença de Deus se verá preso numa espécie de contradição interior. Ele provavelmente sentirá de forma tão aguda sua responsabilidade, que preferiria fazer qualquer outra coisa a encarar um auditório; e contudo a pressão sobre seu espírito pode ser tão grande que nem cavalos selvagens o poderiam arrancar do seu púlpito.

Nenhum homem deveria se colocar diante de uma audiência sem antes ter estado diante de Deus. Muitas horas de comunhão deveriam preceder uma hora no púlpito. O quarto de oração deveria ser mais familiar do que a plataforma pública. A oração deveria ser contínua; a pregação, intermitente.

É de notar que as escolas ensinam tudo sobre a pregação, exceto a parte
importante, a oração. Não se deve censurar as escolas por causa dessa fraqueza, pela razão que a oração não se pode ensinar; ela somente pode ser praticada. O melhor que qualquer escola ou qualquer livro (ou qualquer artigo) pode fazer é recomendar a oração e exortar a que seja praticado. A oração mesma tem de ser trabalho do indivíduo.

E é justamente o trabalho religioso que, feito com pouco entusiasmo, se torna
uma das grandes tragédias dos nossos dia.

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