Para nós é difícil imaginar o efeito que produziram essas palavras> anunciar a chegada do Reino, deixar-se proclamar Messias (ou Cristo) era afirmar que o fim dos tempos era chegado, que a história atingira seu termo. Compreende-se o entusiasmo das multidões da Galileia, mas também o ceticismo dos chefes judeus perante um messias tão diferente do que esperavam. "Nós esperávamos que fosse ele quem iria libertar Israel"; declaram, desiludidos, os discípulos de Emaús.
E finalmente essa bela epopeia de dois anos desaparece nas trevas de uma sexta-feira do ano 30, sobre uma cruz do Gólgota.
Mas eis que cinqüenta dias mais tarde, os discípulos desse crucificado se põem a pregar em Jerusalém. Diante do povo que o abandonou, diante do Sinédrio que o condenou, proclamam que Jesus está vivo, que fizeram disso experiência, que ele lhes deu o seu Espírito: "Sim, os últimos tempos chegaram de fato, proclamam eles. Realmente, Deus estabeleceu em Jesus seu Reino. Nós somos o novo povo de Deus. Convertei-vos, juntai-vos a nós para serdes salvos". Assim é o começo da Igreja.
Quando Pôncio Pilatos governava a Judeia, um homem chamado Jesus pregou, seguido por uns discípulos e sofreu pena de morte; após sua morte, esses discípulos proclamam que ele está vivo, que ele é O Filho de Deus. Crer é dar um voto de confiança nesses discípulos, é reconhecer com eles, nesse Jesus, o senhor da vida. A questão nos é colocada e não podemos deixar de responder.
Assim, "não atingimos diretamente Jesus": atingimos a fé da Igreja Primitiva (e seus relatos pelos discípulos) e é através dela que descobrimos quem é Jesus.
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